Mesmo com o corte da taxa Selic, ainda assim os tomadores de crédito não estão experimentando redução na mesma proporção nos juros.
O Banco Central informa que o spread bancário está no nível mais alto em dois anos.spread é a diferença entre a taxa de juros cobrada a quem toma um empréstimo e a taxa de juros que remunera o investidor e que é destinada ao intermediário financeiro. (ou seja, é a diferença entre o que o banco paga ao investidor e o quanto o banco cobra do tomador).
Em agosto, segundo os dados mais atuais liberados pelo Banco Central, o spread atingiu 27,8% ao ano, percentual mais alto desde 2009.
Spread, ao ano | 27,8% |
Em financiamentos pessoa física | 34,4% |
Em financiamentos pessoa jurídica | 19,0% |
Em financiamentos pessoa jurídica 19,0% A Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade) registrou uma mínima queda nas taxas de juros para pessoas físicas. Entenda, na planilha a seguir, como a redução na Taxa Selic não é acompanhada na mesma proporção em relação à taxa cobrada das pessoas físicas:
quanto era | quanto ficou | redução | |
Taxa Selic | 12,5% | 12,0% | 4,0% |
Taxa mercado para pessoas físicas | 6,75% | 6,69% | 0,9% |
Taxa mercado para pessoas físicas 6,75% 6,69% 0,9% O professor de Finanças da Fundação Getulio Vargas Fabio Gallo esclarece que a alta do spread bancário é explicada pelo aumento da inadimplência. Na sua avaliação, o aumento da inadimplência é conseqüência da expansão do crédito experimentada nos últimos anos, acompanhada da falta de planejamento financeiro dos tomadores: “os brasileiros, principalmente a “nova classe C”, se endividaram demais para consumir e não conseguem arcar com os financiamentos”, afirma ele.Eu lembro o leitor que a situação exposta na planilha acima é um dos fatores que ajuda os bancos a produzirem balanços cada vez mais ‘robustos’, com lucros astronômicos.